Dados definitivos dos Censos revelam realidade preocupante sobre o estado de conservação do património imobiliário em Portugal

CENSOS 2011: 40% dos edifícios com mais de 30 anos precisa de obras e dinâmica do arrendamento é inexistente

Perante uma estimativa que aponta para mais de 1,5 milhões de fogos a precisar de obras, integrados num universo total de mais de um milhão de edifícios com necessidades de intervenção, a CPCI – Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, refere que se trata de números que revelam uma realidade preocupante em matéria de reabilitação urbana e arrendamento, que estando bem à vista de todos, é o resultado da inexistência de uma verdadeira cultura de reabilitação em Portugal.

A CPCI diz ainda que não constituiu qualquer surpresa verificar que mais de metade dos edifícios construídos até 1960 registam problemas com o seu estado de conservação e, de igual modo, que o facto de 1 em cada 5 edifícios construídos na década de 80 já evidenciar necessidades de conservação, demonstra a falta de uma política estratégica orientada para este domínio, onde o Estado deverá ter outras preocupações, designadamente com a segurança e com a adequada preservação do património edificado, para além da mera obtenção de receitas fiscais.
Destacando ainda a realidade do Arrendamento, mercado que é essencial, a Confederação diz que é dramático que, nos últimos 10 anos, em que se assistiu a um forte recuo da construção nova e, simultaneamente, a um quase desaparecimento do crédito imobiliário, o segmento do arrendamento tenha registado um recuo. O peso deste mercado, que já era o segundo mais baixo em toda a Europa, desceu dos 20,8% registados em 2001, para 19,4% em 2011. Dos 779 mil fogos arrendados em Portugal, 326 mil, ou seja, 42%, tem rendas de valor inferior a 150€ e 268 mil correspondem a contratos de arrendamento anteriores a 1990, números que evidenciam bem as fragilidades existentes.
O mau estado a que chegaram muitos dos nossos centros urbanos, obsoletos, degradados e desertos, não pode ser uma espécie de antevisão do estado a que, dentro de 20 anos, chegará o resto do País, pelo que a CPCI defende que é tempo de seguir os exemplos dos restantes países europeus e concretizar uma aposta efetiva, adotando medidas eficazes de incentivo à reabilitação, à manutenção e melhoria da eficiência energética que, no contexto atual, podem representar um importante impulso à atividade económica e ao emprego.


Declaração de Reis Campos à TSF_23_11 – Arrendamento