Presidente da República Recebe CPCI – Público 2 de Junho

No passado dia 25 de Maio, o Presidente da República recebeu em audiência a CPCI – Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário. O encontro, que se centrou na análise e debate sobre a grave situação que a fileira da construção e do imobiliário atravessa, visou, também, apresentar formalmente ao Chefe de Estado a nova estrutura de cúpula do sector.

Antes da análise feita ao actual contexto económico, financeiro, político e social do País, houve tempo para enunciar as razões que presidiram à criação da CPCI e destacar a sua ampla representatividade, já que integra praticamente todas as associações empresariais das diferentes actividades que constituem este vasto sector.

Tive, naturalmente, oportunidade de referir ao Senhor Presidente da República o peso social e económico da construção e do imobiliário, lembrando que o sector é responsável por 18% do PIB e por metade do investimento nacional (49,7%), que assegura cerca de 820.000 postos de trabalho (15,8% do emprego total) e representa 20% das empresas existentes em Portugal, isto é, 220.000 empresas em actividade.

Mas foi a preocupante realidade que as empresas do Sector enfrentam que, naturalmente, centrou as nossas atenções, até porque as actuais dificuldades não decorrem, unicamente, da crise global que afectou o País. Na verdade, a sua origem data já de 2002, ano em que se iniciou um longo caminho descendente, que nos últimos oito anos se traduziu numa quebra de actividade acumulada de 31%.

O desinvestimento do País na construção e no imobiliário teve consequências directas para todos os agentes económicos que integram esta fileira, mas também efeitos muito preocupantes para o emprego do sector, como resulta do facto de se terem já perdido cerca de 206 mil postos de trabalho desde o início daquela que é a mais dura e longa crise que esta fileira de actividades já enfrentou.

Conscientes do actual quadro conjuntural, transmiti ao Presidente Cavaco Silva o empenhamento da CPCI na procura de soluções que ajudem o País a enfrentar a crise, reafirmando o importante papel que, neste contexto, as empresas da fileira poderão desempenhar, em resposta aos desafios colocados pelo desenvolvimento económico e social de Portugal, face a um quadro competitivo que tem escala mundial e se revela cada vez mais exigente.

Mas, ainda, realcei que a Confederação entende que a recuperação das finanças públicas só pode ser conseguida, também, através do crescimento económico. Nesse sentido, houve a preocupação de sensibilizar o Presidente da República para a importância de se acelerarem investimentos essenciais para o País, tais como os investimentos de proximidade, lembrando que estes, sendo fundamentais para se atingirem os níveis de desenvolvimento e crescimento necessários para o Portugal criar emprego e vencer a crise, podem ainda beneficiar de uma elevada comparticipação dos fundos comunitários e exigem um reduzido investimento do Estado.

Falamos, então, de áreas de intervenção que devem ser privilegiadas e avançar de imediato, até porque garantem um rápido retorno dos investimentos a efectuar, como é o caso da renovação das escolas, hospitais, edifícios ligados à justiça e à segurança, a água e ambiente, as energias renováveis, a conservação e modernização das redes rodoviária e ferroviária, os portos e a logística. E também, obviamente, da reabilitação urbana, um segmento de mão-de-obra intensiva, que é transversal a todas as actividades da fileira.

O objectivo da audiência foi alertar o Chefe de Estado para a importância que os projectos de proximidade e a reabilitação podem ter para a dinamização de muitas indústrias portuguesas de bens transaccionáveis, contribuindo, também por essa via, para o reequilíbrio das contas públicas que, naturalmente, deve ser um objectivo a perseguir.

A verdade é que para além do emprego directo e indirecto gerado por este tipo de obras, a esmagadora maioria dos materiais utilizados é de origem nacional, bem como toda a cadeia de valor da construção e do imobiliário, que é o maior empregador do País.

É, aliás, do conhecimento geral aquilo que tem sido a opção da generalidade dos países da Europa e do Mundo para enfrentarem a crise e revitalizarem as suas economias. Mas, naturalmente, a CPCI deixou bem vincada a sua convicção de que também em Portugal a retoma só será efectiva e consequente com uma forte aposta na construção e no imobiliário, uma fileira empresarial que promove o investimento, cria emprego e é geradora de riqueza.

(in: Público – Imobiliário, 2 de Junho, pág 6).